segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Abertura do Espaço Claraboia



Este é o convite para a festa de abertura do Espaço Claraboia. Um belo sobrado, no coração da Lapa, onde artistas, eu entre eles, fazemos nossos ateliers. Mas nós não queremos que seja apenas local de trabalho, mas sim que seja um lugar de eventos artísticos, não só de artes plásticas, embora ela seja o foco. Começaremos c/esses eventos anunciados acima. Outros virão, com certeza. Quem gosta de arte e diversão, venha que esperamos você

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Imagens da exposição "Pinturas do Confronto"




Por trás da parafernália tecnológica, eis que surge o homem das cavernas. Urra como uma fera primordial, mas também berra como um bezerro de qualquer quintal. O concreto fervendo sob o sol inclemente queima-lhe a pele. O mármore frio obstrui seus movimentos bruscos, quebrando-lhes os ossos. Mas ele não morre, sobrevive. Por que é eterno. Ele está aqui com seu corpo milenar e desavergonhado, para nos lembrar da carne. Dos ossos, dos fluídos, das substâncias que compõem um ser vivo. Carrega em si a sujeira e a memória dos lugares mais remotos, onde germinam e apodrecem os corpos. Às vezes expele palavras desconexas, mas mesmo assim, arrebanha seguidores. É ele que os vai levar para aonde o sangue corre, sem parar, nas veias. E quando jorra, jorra feito uma fonte deslumbrante. Embriaga-se de qualquer líquido que lhe cai as mãos. Quando com fome, come dos outros e de si mesmo, a carne. Adora flores, deita-se em excrementos. Não há lógica em seus atos. De seu ventre não param de brotar criaturinhas que impõe suas existências, ignorando teimosas, a inconveniências delas. Em volta dele voam estranhos insetos. Como se anjos fossem, parecem querer anunciar algo. Uma revelação. Mas que revelação? Apenas que ele existe, este corpo que aí está. Que não se sabe se é feio ou bonito, se vai matar ou cantar e dançar. Quem sabe tudo ao mesmo tempo. Agressões afetuosas, crueldade inocentes, exército de genitálias sem comando, desordem e regresso. Desordenadamente regressa feliz ao útero da terra. Lama que acaricia e aquece. Não quer o mármore, o aço inoxidável. Prefere a dor do espinho que penetra no pé descalço. Pés que carregam este insistente corpo através dos tempos.

Em seguida os trabalhos da exposição

"Aconteceu" e "Mamãe eu quero mamar"da série bêbado; Pivete(em disfunção eréctil)

"O erro mutilado(mordem em excesso); "O herói"; "Bluesmonk"

Texto do crítico Marcus Lontra, que consta do catálogo

PINTURA EXPOSTA

Numa época marcada pelas conquistas tecnológicas é possível perguntar-se: pintura, por quê?

A sociedade pós-industrial faz da informação imediata a sua moeda, o seu comércio. A cibernética impôs ao mundo – e, em especial, aos artistas – novos desafios, novos campos de exploração do saber. Conhecer os mecanismos e as operações que regem o diálogo desse espantoso mundo, que a cada dia ocupa o nosso tempo e o nosso espaço, é tarefa que certamente provoca o espírito voltado para o novo, para o futuro, para a experimentação. Essa parece ser a determinação, a regra, o “Sistema”. A revolução visual iniciada em meados do Século XIX com o advento da fotografia adquire, nos dias atuais, uma nova feição. A tecnologia digital possibilita ações de interatividade que eliminam a passividade do espectador: a tecnologia parece propiciar contornos mais democráticos e o conceito de um mundo globalizado garante a todos os integrantes da rede oportunidades iguais de informação e conhecimento.

Há, por outro lado, um mundo real. Mundo das injustiças e das desigualdades, o mundo da miséria, dessa massa gigantesca de exclusões que alimenta, mas não participa, das benesses da globalização. A arte se alimenta e se apropria da técnica para lhe dar conceito e razão. E essa apropriação se afirma como um instrumento da subversão da realidade e de pertencimento de mundo. “Humana, demasiadamente humana”, a arte é a voz do ser humano, em toda a sua diversidade, em todas as suas diferenças. Por isso, ainda e sempre, vale a pena pintar. Não para servir às expectativas de um mercado ao mesmo tempo ávido e atarantado, mas para pintar com a força e a coragem de Juliano Guilherme que, com sangue, suor e lágrimas, com tintas, pinceis, baladas, sambas e rock in roll, garante a permanência da ação marginal como instrumento do sensível.

“Seja Marginal, seja Herói”. A sentença de Oiticica serve como legenda para a pintura de Juliano Guilherme que assume deliberadamente a sua estética bizarra e vagabunda, suja e subversiva. Ela não aspira aos salões elegantes, as etiquetas e a estética limpinha e cheirosinha da pintura acadêmica modernista, formalista e bem comportada. Ela se identifica com os excluídos, com os becos, com o subúrbio, com o grafitti, com a força daqueles que constroem a sua identidade e recusam o silêncio e o anonimato imposto pelo sistema. A periferia em seu aspecto geográfico é um conceito jurássico. A pintura de Juliano é periférica em seu contexto político e conceitual, ele recusa a ordem estabelecida, a estética predominante e faz de sua obra uma cachoeira de informações, um poderoso dazibao onde o sexo, a política a fé e a paixão acabam por constituir os vocábulos essenciais de um mundo que se afirma através da contaminação, através de estilhaços e fragmentos.

Cada tela de Juliano Guilherme brada por seu espaço no mundo, pelo seu direito à permanência, ela é um animal uivando para a lua, ela agoniza em plena praça pública, ela é um corpo vibrante e visceral. A pintura do artista não segue a moda, não dita conceitos; ela apenas retrata o mundo real e escancara a neurose, a obviedade e a crueldade entre os homens. Ele revela e nos remete a esse mundo verdadeiro que nos circunda e nos diferencia. Tudo aqui é fruto de uma expressão artística pungente e comovida. Arte tensa e apaixonada como a vida merece e deve ser vivida, fera ferida, chaga exposta, pintura nua, arte em seu estado selvagem e natural, pura flor da madrugada. Num país onde a arte é, muitas vezes, excessivamente bem comportada, o artista recupera a angústia goeldiana, a tensão imanente nas figuras de Ivan Serpa, a pulsão de Jorge Guinle e a atmosfera suburbana e marginal de Gerchman dos anos 60 e, mais recentemente, de Vitor Arruda. Sem recusar Jean Michel Basquiat, Juliano Guilherme é o poeta dos becos, da ladeira de Santa Tereza, dos botequins e prostíbulos, da vida que corre e escorre pelas ruas de nossa cidade, do nosso país, do nosso tempo. E então, diante da pertinente indagação se ainda há espaço para a ação da pintura no mundo contemporâneo o trabalho de Juliano Guilherme responde de modo sonoro e rotundo: Sim!

Marcus de Lontra Costa

Nova Iguaçu – Maio/2007

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Grato pela novas visitas

Caros, José Carlos e Vera fiquei muito contente c/a visita e o comentário de vocês. Estava no blog do Eduardo Guimarães, e qual não foi meu espanto quando vi o José Carlos indicando meu blog(ainda mais me chamando de peso-pesado!). Me deixou um pouco temeroso, por que sou um iniciante nesse negócio, a qual fui apresentado pelo Miguel(Oleo do Diabo), que tem me orientado, mais ainda estou tateando. Eu acabei de expor na Galeria Cândido Mendes, pretendo postar fotos da exposição(dois trabalhos já estão) e também os textos do catálogo. A exposição se chamou "Pinturas do Confronto", e realmente teve uma conotação bastante política. Talvez por isso, eu esteja negligenciando um pouco meu blog, em função daqueles explicitamente políticos, como o do Eduardo Guimarães. Aproveito para convidar, se moram ou se estiverem no Rio, os dois e outros interessados em Arte para a abertura da Espaço Claraboia que se dará no dia 28 de setembro. Mais informações estarão no convite virtual que postarei aqui e no blog do Claraboia, (link aqui).

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Apresentação

Bem-vindo ao meu blog, é um prazer receber a sua visita. Sou um artista plástico, mais precisamente um pintor e desenhista. Mas não discrimino as outras mídias, de forma alguma. Apenas só me considero apto a me dedicar a essas duas. Pretendo nesse espaço, além de divulgar meu trabalho, estabelecer uma discussão em torno das artes, tendo como foco as plásticas, mas sem excluir as outras, se for o caso. Também outros tópicos de meu interesse, como política, meios de comunicação e etc, conforme incluí no meu perfil. O blog ainda está embrionário, mas logo espero que fique bem mais interessante.